AS MOÇAS DO TEMPO

Letra: Martin César Gonçalves
Música: João Bosco Ayala
Ritmo: Milonga
Intérprete: Maurício Barcellos

Foto: André Bertoncheli


A primeira que pousou na antena
Trouxe em suas asas a notícia do verão
Depois a outra, repetindo a cena
Confirmou a vinda da nova estação

Depois o bando, pousando nas linhas
Cifrou um poema que copiou do vento
E pareciam musas - essas andorinhas -
Anunciando, assim, o demudar do tempo

Mas como saberiam se não eram naves
Tampouco satélites singrando o céu?
Se - olhando assim — eram tão só aves
Pequeninos pontos escritos num papel?

Talvez recordassem, revoando as casas
Um tempo distante, muito mais além
Quando todos os seres ostentavam asas
Que, sendo de sonhos, voavam também

Cá embaixo homens, neste outro extremo
Dos fios das antenas, num viver virtual
Esperam o anúncio num visor pequeno
Da nova estação, em caixas de metal

Cada vez mais longe essa humanidade
Do idioma simples das coisas naturais
Quanto mais concreto, menos liberdade
Tem-se quase tudo... só não se tem paz!


Foto: André Bertoncheli



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