AS MOÇAS DO TEMPO
Letra: Martin César Gonçalves
Música: João Bosco Ayala
Ritmo: Milonga
Intérprete: Maurício Barcellos
A primeira que pousou na antena
Trouxe em suas asas a notícia do verão
Depois a outra, repetindo a cena
Confirmou a vinda da nova estação
Depois o bando, pousando nas linhas
Cifrou um poema que copiou do vento
E pareciam musas - essas andorinhas -
Anunciando, assim, o demudar do tempo
Mas como saberiam se não eram naves
Tampouco satélites singrando o céu?
Se - olhando assim — eram tão só aves
Pequeninos pontos escritos num papel?
Talvez recordassem, revoando as casas
Um tempo distante, muito mais além
Quando todos os seres ostentavam asas
Que, sendo de sonhos, voavam também
Cá embaixo homens, neste outro extremo
Dos fios das antenas, num viver virtual
Esperam o anúncio num visor pequeno
Da nova estação, em caixas de metal
Cada vez mais longe essa humanidade
Do idioma simples das coisas naturais
Quanto mais concreto, menos liberdade
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