RESULTADO E PREMIAÇÃO DO GRITO 2012

1º. LUGAR:
A VOZ DO AMOR
Letra: Rômulo Chaves
Musica: Nilton Ferreira
Ritmo: Nativo
Interprete: Jorge Freitas e Nilton Ferreira




2º. LUGAR:
O MAR DE ALFONSINA
Letra: Martin Cézar Gonçalves
Música: João Bosco Ayala e Nilton Júnior
Ritmo: Canção
Intérprete: Adriana Sperandir




3º. LUGAR:
PRA TRADUZIR UM RETRATO
Letra: Bianca Bergmann
Música: Piero Ereno
Ritmo: Canção
Intérprete: Maurício Barcellos




Música mais POPULAR
APROVEITANDO A OCASIÃO
Letra: Marco Antonio Nunes
Musica: Halber Lopes e Xuxu Nunes
Ritmo: Vaneira
Intérprete: Adams Cézar




MELHOR INTÉRPRETE:
MIGUEL MARQUES




MELHOR INSTRUMENTISTA:

MARCO MICHELON





MELHOR POESIA:
A VOZ DO AMOR
Letra: Rômulo Chaves
Musica: Nilton Ferreira
Ritmo: Nativo
Interprete: Jorge Freitas e Nilton Ferreira




MELHOR MELODIA:
O MAR DE ALFONSINA
Letra: Martin Cézar Gonçalves
Música: João Bosco Ayala e Nilton Júnior
Ritmo: Canção
O GALPÃO E A PASSARADA

Letra: Rômulo Chaves
Musica: Miguel Marques
Ritmo: Nativo
Interprete: Miguel Marques


Foto: André Bertoncheli


Fiz um galpão, pra minha alma de cantor
Onde a paz quinchou de sonhos o lugar
Entre meus mates, convidei a passarada
Pra ter parceiros no ofício de cantar...

Meu galpãozinho - que é só sim -
Onde a canção se aquenta no braseiro
Estes dias recebeu pra moradores
A corruíra e um casal de João-Barreiros!!

Quem feito eu, já cantou os sabiás
E reconhece o dom dos passarinhos
Quando vier ao meu galpâo, com certeza
Vai perceber que jamais canto sozinho!!

O João-Barreiro, que Deus fez construtor,
Tem no bico, o futuro de sua casa
E a corruíra, pequenina e bem faceira,
Vem na janela, com poema em suas asas...

Meu coração de homem se faz criança
E se encanta com outras vozes parceiras
Cá no galpão, a corruíra e o João-barreiro,
São meus amigos pra cantar a vida inteira!!


Foto: André Bertoncheli



MAZÁÁÁ GAÚCHO!

Letra: Guerino Pisoni Brito
Musica: Leonardo Sarturi
Ritmo: Xote
Interprete: Nenito Sarturi


Foto: André Bertoncheli


Eu não entendo porque somos tão “modestos”
- “Deus é Gaúcho” e isso não é segredo,
São Pedro “Véio” é o Capataz do Universo,
Quem nos respeita não precisa “senti” medo!

Vou te “dizê” porque o Atlântico é salgado
(Antes que falem que eu “gavo” demais):
É que a indiada gaúcha fez um “assado”
E foi “batê” os “espeto” no Uruguai.

AH, RIO GRANDE “VÉIO”!
NÃO TE ABANDONO
NEM QUE A “COUSA” FIQUE PRETA
“SEMO MODESTO”,
MAS QUANDO O “TEMPO” SE ENFEIA
NUMA PELEIA NÓS “QUEIMEMO” AS “ESPOLETA”!

AH, RIO GRANDE “VÉIO”!
NÃO SE “AFROUXEMO”
NEM “CORTADO” NAS “PALETA”..
“SEMO MODESTO”,
MAS QUANDO O “TEMPO” SE ENFEIA
NUMA PELEIA NÓS “CALEMO” AS “BAIONETA”!

Os “cataclismo” que acontecem por aí,
Vou te “contá” (isso não é brincadeira!):
São resultados de enchentes no Jaguari
E de concursos de chula, lá na Fronteira.

Assim caminha a “História da Humanidade”
- Nossa “humildade” é o que mais nos destacou -
O Mundo é um “lago” ao redor do meu Rio Grande
E o sol é um “fogo de chão” que se alastrou!...

Foto: André Bertoncheli


A VOZ DO AMOR

Letra: Rômulo Chaves
Musica: Nilton Ferreira
Ritmo: Nativo
Interprete: Jorge Freitas e Nilton Ferreira


Foto: André Bertoncheli


Quando o rio da mágoa revolver as águas, para me afogar
Quem vai me socorrer quando meu viver quiser se entregar?
E quando a mentira trouxer toda ira pra o meu coração
Que o amor saiba ver o que há pra dizer, sem perder a razão...

Quando a voz da injustiça esporear a cobiça e povoar a querência
Que o amor me conforte, fazendo forjando a essência
E se algum desencanto brotar no meu pranto por erro do irmão
Que o amor fale em mim, trazendo enfim, a luz de um perdão.

Perguntar pra o amor é o grande valor que existe na vida
Ele quem conforta e nos traz de volta, a i já esquecida
Fala de um sentimento, que apesar do tempo, nunca morreu
Por ser um presente, pra alma da gente enxergar a de Deus!!

E se o mundo fosse um pouco mais doce, com voz de poesia
Pra não ter desenganos no jeito humano, ao longo dos dias
Por isso eu tento, mesmo em pensamento, ir dentro do peito
Que o amor vai falar e pra gente escutar, é preciso respeito...

Esta voz tão bonita, palavra bendita, que vai aos caminhos
Não se aprende a ouvir, fugindo de si, caminhando sozinho
O amor quando ecoa é liberto e revoa, pedindo pra nós
Pararmos um pouco, abraçando um ao outro, pra ouvir sua voz...


Foto: André Bertoncheli



ASSUNTANDO...

Letra: João Estimamilio
Musica: Paulinho Cardoso e Leandro Cachueira
Ritmo: Aires de Chacarera
Interprete: Leandro Cachoeira


Foto: André Bertoncheli


Quem será que primeiro montou
Aqueles cavalos de além do mar?
Quem trançou as primeiras cordas
Legou aperos de encilhar?

Quem será que juntou em tropilhas
Alçados antigos pra trabalhar?
De quem foi o primeiro pealo
Que deu sobrelombo pra nos ensinar?

Quem ergueu o primeiro galpão
Firmou pé na amplidão deste lugar?
Quem serviu o mate mais puro
Àquele que veio das bandas de lá?

Bota lenha na fogueira da charla
Pega um trago, vem pra cá...
Bota lenha na fogueira da charla
Solta a idéia pra pensar!

Quem será que vestiu a bombacha
Apertou bem a faixa, foi camperear?
Quem cameou o primeiro cordeiro
Ajeitou o braseiro pra churrasquear?

De quem foi o primeiro acorde
Que abriu o surungo pra gente bailar?
Quem será que empezou esaas coisas
A origem de tudo do lado de cá?

Quem será o primeiro da raça
Passou pelo tempo; fez querência daqui?
Quem será que, depois do começo
Ensinou o apreço de sermos assim?

Foto: André Bertoncheli


AS MOÇAS DO TEMPO

Letra: Martin César Gonçalves
Música: João Bosco Ayala
Ritmo: Milonga
Intérprete: Maurício Barcellos

Foto: André Bertoncheli


A primeira que pousou na antena
Trouxe em suas asas a notícia do verão
Depois a outra, repetindo a cena
Confirmou a vinda da nova estação

Depois o bando, pousando nas linhas
Cifrou um poema que copiou do vento
E pareciam musas - essas andorinhas -
Anunciando, assim, o demudar do tempo

Mas como saberiam se não eram naves
Tampouco satélites singrando o céu?
Se - olhando assim — eram tão só aves
Pequeninos pontos escritos num papel?

Talvez recordassem, revoando as casas
Um tempo distante, muito mais além
Quando todos os seres ostentavam asas
Que, sendo de sonhos, voavam também

Cá embaixo homens, neste outro extremo
Dos fios das antenas, num viver virtual
Esperam o anúncio num visor pequeno
Da nova estação, em caixas de metal

Cada vez mais longe essa humanidade
Do idioma simples das coisas naturais
Quanto mais concreto, menos liberdade
Tem-se quase tudo... só não se tem paz!


Foto: André Bertoncheli




O CÉU SOB AS MARQUISES

Letra: Vaine Darde
Música: Adriano Sperandir
Ritmo: Canção
Intérprete: Adriana Sperandir

Foto: André Bertoncheli


Tu és muito mais que um mito,
que o milagre ou a magia,
 és o amor chamado Cristo,
que transcende à liturgia.

És o pão e a poesia,
és a fé que traz a luz...
Mas a velha idolatria
te mantém preso na cruz.

Tua imagem se revêla
onde o bem faz moradia.
Pra o menino da favela
és o pão de cada dia.

E ainda há quem te sinta
nos andores, nos altares
sem saber que tu habitas
nas palavras, nos olhares.

Mas a fé, às vezes, cega,
não enxerga a tua luz...
E há dois mil anos prega
teu martírio nessa cruz!

Quem te busca nas igrejas
e esquece o semelhante,
Não suspeita que tu sejas
a presença mais constante...

Que és o pão e o abrigo,
és o céu sob as marquises:
Que conforta os mendigos
e acolhe as meretrizes.

Mas a fé, às vezes, cega,
Não enxerga a tua luz...
E há dois mil anos prega
teu martírio nessa cruz!

Foto: André Bertoncheli


PRA TRADUZIR UM RETRATO

Letra: Bianca Bergmann
Música: Piero Ereno
Ritmo: Canção
Intérprete: Maurício Barcellos

Foto: André Bertoncheli


Muito mais que o tempo preso na varanda,
Pelas teias que o pa ainda tem;
Mais que um sonho emudecido na parede,
O retrato é só um amor que já não vem...

Muito mais do que a poeira das estradas,
Pelas trilhas mais diversas dos caminhos.
Mais além dos meus delírios de saudade,
O retrato é a tradução dos meus espinhos.

Meus sinuelos eram fachos desbotados,
Na penumbra em que a alma se escondeu.
Minha imagem refletindo nos espelhos,
Diferente do retrato, envelheceu!

Hoje eu vi um sol bonito no horizonte,
Que por frestas invadiu meu coração
E o presente enfeitado de arco Iris
E o futuro repousando em minhas mãos!

Vi que é dia de esquecer essa varanda,
Ver o mundo muito além dessas porteiras,
Abrir asas e fugir dessa penumbra
Sem ter medo de cair nas mesmas teias.

Muito mais que ter os olhos marejados,
Ao mirar algum retrato tão antigo;
Mais que o tempo, mais que o sonho, mais que tudo:
Ver o mundo me mostrar que ainda estou vivo.

Foto: André Bertoncheli


APROVEITANDO A OCASIÃO

Letra: Marco Antonio Nunes
Musica: Halber Lopes e Xuxu Nunes
Ritmo: Vaneira


Foto: André Bertoncheli

Declamado:
m’ea linda “tive”uma idéia
mas “cosa véia botada”
surgiu meio derepente                                    
bem assim quase do nada,                                                
foi quando eu “bombiava”o gado                                     
lá na invernada do fundo,                                           
quem sabe “sediemo”um jogo                                     
da nossa copa do mundo. 

A imprensa “acomodemo”                                                
Debaixo das “laranjeira”                                                
Não “pode buli nos ninho”
Dos “cardeal”e das “curruera”
Podem “pindurá nos gaio”                                               
Os “tal”de fone de “oreia”                                                            
Deus te livre os “marimbondo”                                    
E “ta loco tapia as abeia.”

Declamado:                                                            
O “poso nos ajeitemo”                                                
Nos “galpão”e nas “cochera,”                                    
Os “pelego”mais lanudo                                                
E pra seleção brasileira,                                                
Os “avião podem sentá”
No campo ou no corredor,
Se “rabiá”pra algum banhado                                   
‘arrastemo”de trator.

Que tal nós “manda”um oficio                                    
Pra FIFA e a CBF,                                                           
Com um recado e um retrato                                               
Pra então “convence os chefe”                                    
O recado que os “gaúcho”                                               
São um povo “hospitaleiro”
E no retrato é o saci
Abraçado no mosqueteiro.

Pensei em “alegra os guri
E toda a comunidade,
Não “percisa visa lucro”
“vivemo”bem a vontade,
“aproveitemo”a ocasião,
Que a copa é na nossa terra,
Quem sabe o jogo que “abre”
ou aquele outro que encerra.

Refrão
vamo então mostra pro mundo”
que os “gaúcho tem valor,”
Tanto faz a camiseta
Se é “vermeia”ou tricolor
Atraquemo gauchada
cada um faz um costado
se abracemo devereda
gremistas e cobrados.



Aquecimento e os “vestiário”
“vai se lá no zocalito,”
É cada um pro seu canto                        
“temo que evita atrito,”
Acho que os “juiz não percisam”
De “banderinha”ou apito,
Quando “dé”falta ou “penálte”
Levanta o mango e da um grito.




Foto: André Bertoncheli


FIM DE TARDE

Letra: Máximo Fortes e J. A. Rodrigues
Musica: Tuny Brum
Ritmo: Chamamé
Interprete: Tuny Brum

Foto: André Bertoncheli


Um fim de tarde
De esperanças mortas
E igual à cinza, que fica no chão,
Aonde a vida que acendeu poesias,
Perdeu seu dia e não se fez canção!

Num fim tarde
Quando o sol se apoita,
Saudade volta pro seu velho nicho,
Me aperta o peito e pela dor pungente,
Eu bato asas para o meu cambicho!

Se o vôo pesa,
Por viajar lonjuras,
Meus olhos ardem... E a lágrima cai!
Molhando as penas que o tempo conserva
No pranto largo de quem se vai!

E a cada outono
Do tempo que resta,
Que os fins de tarde passem devagar,
Pois já fui moço e tive tanta pressa,
Sem ter noção da hora de chegar!

Meus fins de tarde
Estão ficando curtos,
Nessas andanças por amor e paz,
Mas n tem jeito, o que conta na vida
São os momentos que ficam pra trás!

Foto: André Bertoncheli


MEU VELHO

Letra: Tulio Souza
Música: Piero Ereno
Ritmo: Milonga
Intérprete: Jorge Freitas



Meu velho não tinha rugas
tinha caminhos no rosto...
Cicatrizes de “agostos”
no tremor fino das mãos,
e de tanto amor no peito
mal cabia um coração!

Pra cada carinho, meu velho
tinha nos braços abraços...
Nas pernas frágeis, cansaço,
tinha destino e não pressa!
E a crença de que o fim
é vida que recomeça!

Por ti, meu velho, eu reponto as palavras,
e versejo um mate novo a cada dia
Meus olhos sentem a saudade dos teus olhos,
mas o pranto se transforma em poesia!

Nunca entregava conselhos,
sempre emprestava vivências,
se emponchava de querência
e tinha orgulho em ser justo...
Um homem simples, meu velho,
como convém a um gaúcho!



O MAR DE ALFONSINA

Letra: Martin Cézar Gonçalves
Música: João Bosco Ayaha e Nilton Júnior
Ritmo: Canção
Intérprete: Adriana Sperandir



Hoje eu quero o mar de Alfonsina
Um poema em corais ao sul sangrando
Vida em cena que acena e se termina
Mas se eterniza entre estrelas naufragando

Uma flor que por amor em vão germina
E que decide - nesse ato - onde e quando
Pois um oceano é toda alma feminina
Um copo cheio a cada gota transbordando

Podes dormir, pois essas algas são lençóis
Deixa que a lâmpada eu a baixo mansamente
E se ele chamar eu só direi que já não estás...

Se quer te ouvir que ouça o mar dos caracóis
E se quer te ver que veja o mar ao sol poente
Mas se quer te amar... eu só direi ‘tarde demais’!

Mas se quer te amar... amor, direi
                           ‘que a deixe em paz’!!!


ENTRE TRENS E TRILHOS

Letra: João Ari Ferreira e Silvio Genro
Musico: Tuny Brum
Ritmo: Milonga
Interprete: Tuny Brum



Eu tenho trilhos ao invés de artérias,
Por onde viaja a minha saudade...
Um “trem de lata”, no pátio da infância
E uns vagões de sonhos, lá da mocidade.

Eu tenho a vida igual às velhas pontes,
Só as lembranças me pedem passagem...
Meu coração é uma estação tapera,
Ninguém me espera ao final da viagem.

EU TENHO A ALMA CINZELADA AO FERRO,
E RAÍZES FIRMES NESTE CHÃO DE BRITA...
MINHA VOZ É O VENTO EM TOM DE SAUDADE
QUE NOITE ADENTRO, NA ESTAÇÃO, APITA.

Minhas retinas percorrem distâncias
Cruzando os ranchos dos que nada têm...
Os piás na volta recriando a infância,
No ilusório sonho de andar de trem.

Sou linhas férreas nesta solidão,
Sem as doçuras que viajaram nelas...
As rapaduras, na palha de milho
E uma linda flor me acenando da janela.